sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ciúme

"Dorme o Sol, a flor do Chico, meio dia
tudo esbarra embriagado do seu lume

dorme Ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
só vigia um ponto negro, meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta
e se viu ferido justo na garganta
que nem alegre, nem triste, nem poeta
entre Petrolina e Juazeiro, canta.

(...)

Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
mas na voz que canta, tudo ainda arde
tudo é perda, tudo quer buscar, cade?

Tanta gente canta, tanta gente cala
tantas almas esticadas no curtume
sobre toda estrada, sobre toda sala
paira monstruosa a sombra do ciúme"




Essa musica eu prestei atenção na letra dela esses dias.
Me vi muito nessa estrofe "Juazeiro nem te lembras dessa tarde".
É assim que eu me sinto quando to sofrendo. Fico triste de perceber que tudo continua, só eu que to sofrendo.

"Petrolina, nem chegaste a perceber"
"Mas na voz que canta, tudo ainda arde", como quem diz que na voz dele ainda arde o gosto do choro, e a cidade nem chegou a perceber, nem se lembra daquela tarde.

"Tudo é perda, tudo quer buscar, cade?"

E ai eu olho por uma passarela, vejo os carros todos passando, a vida continua.
Milhares de carros passando por debaixo da passarela sem ter ideia do que está se passando dentro de voce.

E ai voce se sente pequeno.

O ciume lançou sua flecha preta, e se viu ferido de volta, com o choro na garganta.
A garganta que agora se cala. Não canta nem alegre nem triste, entre Petrolina e Juazeiro.

E entre Petrolina e Juazeiro tem uma ponte.
Será que o Caetano parou nessa ponte pra olhar a vida passar, assim como eu na minha passarela?