quarta-feira, 27 de maio de 2009

Morgana, a princesa canhota

A Morgana era uma criança feliz, que fazia desenhos horríveis.
Durante um determinado espaço de tempo após o seu nascimento, seu irmão, três anos mais velho, desenhava melhor do que ela.

Eis que ela desenvolve sua coordenação motora colocando todos os pontos na expressão gráfica (comprometendo sèriamente sua capacidade esportiva) e passa a desenhar melhor que o irmão, apesar de ter 75% da sua idade.

Frustrado com essa inegável realidade, ele não teve a opção de se aventurar nas artes e virou um monstro frio, cruel e pérfido, escondido nos pântanos escuros e pedregosos do cartesianismo.

Motorola não rola

Pelo fato de que o meu celular não recarrega mais (porque voltei com um carregador diferente do meu de Pirassununga) e porque ele já estava velhinho e despedaçado (inclusive por ter tomado um banho de NaOH a 80ºC no Laboratório de estruturas) eu resolvi comprar outro. Vou pensar se eu desisto de tirar as coisas que estavam nele, já que em um ano não fui capaz, mesmo com o auxílio de amigos nerds, de instalar o cabo pra retirar dados.

igor: Eu pago o preço de pré ou de pós que tá aqui na vitrine?
vendedora: Nem um nem outro. Depende da sua conta, se é pré ou pós, do tempo que está na operadora, do valor do seu plano e de quando foi a última ves que comprou um celular com desconto conosco.

(Nesse momento eu imaginei a vendedora pegando uma tabela enorme com vários ábacos onde ela entrava com coeficientes representados por letras gregas e asteriscos retirados de outras tabelas enormes, que certamente Terzaghi teria elaborado se fosse vendedor de telefones. Teria também o μ, coeficiente de Poisson do cliente, que representa a disponibilidade do cliente gastar mais quando pressionado.)

vendedora: Você quer um celular com blue-tooth, câmera, mp3, o quê?
igor: Não, quero um celular sem nada.
vendedora: Temos esses modelos aqui.
igor: Quero esse mais barato, da Motorola. (Hum, mas é Motorola... só que o outro é o dobro do preço, então vai ele mesmo)
vendedora: Ok. (Ela não insistiu porque eu sou um cliente incompressível, de coeficiente de Poisson μ=0,5)
igor: Eu tô vendo que ele tem câmera, vou precisar de um cabo pra tirar as fotos dele?
vendedora: Vai.
igor: (Merda, não vou conseguir instalar.) Tá. E você tem o cabo?
vendedora: Não.
igor: Pô! Como você não tem o cabo?
vendedora: Ué, você num disse que queria um celular sem nada?


Eu tinha me divorciado da Motorola. O último celular dela que eu tive teve o desprazer de ser arremessado num canteiro de areia da faculdade depois de não me deixar falar com a Carol.

Aqui vou exemplificar por quê:
O Motorola é muito burocrático. Os contactos da agenda têm uma lista imensa de dados cadastrais e não fazem as coisas mais simples!
ex1) O Rafael tem dois celulares. Quero colocá-los ambos na mesma entrada de contacto.
Que tal entrar em "Rafael." e "adicionar novo número"?
Tá. Aí ele criou uma nova entrada e agora tem dois Rafaéis na minha agenda.
Então vamos tentar "acrescentar número" e retirar o novo das chamadas executadas. Sabe o que ele fez?? Adicionou o novo número depois do outro formando um telefone só de 16 dígitos.

Ô Motorola, por que diabos você achou que alguém no mundo ia querer isso??

ex2) Ah, ele tem discagens rápidas. Que bom.
Vou colocar a Dani como discagem rápida "1" (se a Dani não for o 1 ela vai achar que não é importante, que ninguém gosta dela e vai se mudar pra Portugal).
Aí o Motorola pergunta: substituir Tati? Sim. Porque não? (Tati, você não é a pessoa mais importante na minha vida)
Só pra conferir fui procurar a Tati depois na agenda. Adivinhem? Ela sumiu.

Raciocínio da Motorola: "O igor quer colocar a Dani na discagem rápida 1, então ele quer tirar a Tati do lugar e sumir com ela, ele quer que a Tati desapareça da vida dele. Vou excluir o nome dela da agenda pra que não haja resquícios da sua existência em consultas posteriores."

Eu não culpo tanto a Motorola porque eu realmente sou um imbecil tecnológico. Não sou capaz de instalar um cabozinho de dados e estou há duas semanas procurando onde no site do msn.com está o link pra baixar o msn (e continuo achando que a culpa é deles).

Sigo a minha vida contente e feliz porque a Motorola pelo menos não faz impressoras.

domingo, 17 de maio de 2009

Recalque funcional na porta da sala

A gente percebe que virou adulto quando começa a se preocupar com os problemas da própria casa. Às vezes, mais do que os próprios pais.

Minha irmã vem tentando inutilmente implementar costumes na administração da cozinha, como não usar talheres de metal em frigideiras de teflon ou o de apenas guardar alguma coisa na geladeira se ela estiver completamente envolvida por um plástico ou qualquer superfície fechada que a impeça de ressecar enquanto espalha seu cheiro pelo resto dos alimentos indefesos.

Nada que tenha dado resultado. Eu mesmo, nem ligo pra esse tipo de coisa. Desde que o chuveiro quente esteja funcionando, o resto da casa pode estar zoneado sem problemas.

Mas já é a segunda vez que me pego querendo resolver um problema domiciliar.
O primeiro foi o de subir no telhado e arriscar minha vida na chuva sobre telhas de amianto venenosas e com baixa resistência ao cisalhamento para descobrir uma calha entupida que causava uma goteira espetacular na sala. Vixe! há alguns anos atrás eu apenas chegaria meu video-game pro lado e continuaria minha vida.

Mas ontem eu me preocupei quando resolvi tentar consertar a porta, que está esfregando no chão quando abre. Me veio à cabeça: se eu não tivesse que estudar análise hoje, eu comprava uma chave e consertava a porta. Deus! Que raio de pensamento é esse? Pena que eu tenho que estudar, senão eu consertava a porta??? Cruz credo!

Mas acho que o pior foi que quando meu pai me perguntou qual era o problema da porta eu tive a tentação de dizer que tinha dado um recalque.

É... esse semestre já tá longo demais...