sexta-feira, 19 de junho de 2009

Quem cola se embola

Inspirado no último post da companheira Raquel Linhares (tem link dela por aí) vou registrar aqui o maior e mais preciso esquema de cola de que eu já pude participar.

CEFET- 2001.
Segundo ano do médio, turma 2F (eu acho). Uma das turmas mais unidas da estratosfera terrestre

1) AS BASES
A estrutura era militarizada e baseava-se num rígido código de confiança entre todos os participantes, todos do sexo masculino, que juntos ocupavam três fileiras da sala.
Não era permitido a nenhum estranho sentar em nenhuma das três fileiras estratégicas nos dias de prova. Aqueles que tentavam eram expulsos, não havendo sido necessário o uso da violência em nenhuma prova. A sala já era arrumada por nós antes do professor chegar, pulando fileira e tudo, pra que ele ficasse satisfeito com a geometria e não resolvesse trocar todo mundo de lugar.

2) OS GENERAIS
Para cada prova era escolhido um sabedor da matéria, que seria o produtor das respostas(coincidentemente esse era sempre o Cléston). Sentava-se ele na última carteira da fileira do meio e passava as respostas para os dois dos lados e o da frente, que por sua vez copiavam as respostas e passavam pra frente, de forma que a cola percorresse as fileiras até o primeiro, que então, levantava-se e ia embora depois de haver feito tudo.

3) A ÉTICA
ERA RADICALMENTE PROIBIDA A SAÍDA DE UM ALUNO EXCETO SE TODOS OS DA SUA FRENTE TIVESSEM SAÍDO.
Essa norma era necessária para não quebrar a ponte entre os colantes deixando carteiras vazias. Isso nos dava uma paz de espírito, pois sabíamos que a resposta chegaria a nós incondicionalmente. Já fui o primeiro da fila e sei como era bom não precisar ficar tenso. Apenas sorrir e olhar para o professor enquanto tudo está sendo preparado para o seu bem estar. Nesse dia por acaso o Lobão saiu e me deu cola via mímica da escada, no Campus III. Minha expressão estática não permitiu que o professor percebesse, e eu daria um sinal se ele se levantasse.

4) OS MÁRTIRES
Certamente que algumas pessoas, às vezes, precisavam errar algumas coisas de propósito. Tentava-se sempre conseguir uma nota entre 7,5 e 9, deixando um fator de segurança razoável. É claro que esse fator de segurança era proporcional ao conhecimento de cada um sobre a matéria. Quanto mais desconhecida a matéria, mas se precisava confiar no Cléston. Esse talvez tenha sido o motivo da queda.


4) A QUEDA
Eis que o temido professor de Física achou estranho que um terço da turma tivesse tirado a mesma nota (7,5) errando absolutamente a mesma coisa: usando seno de 40º (que jamais apareceu no enunciado) ao invés de 45º, e ironicamente adotando sen(40º)=√2/2.
"Meus Aluninhos", é evidente que vocês colaram, mas se eu denunciá-los vou prejudicar a colega que foi fiscal da prova. Portanto vamos combinar o seguinte: estudem para a segunda prova, que será caprichada, e passem direto. Quem precisar de prova final, não perca seu tempo vindo até a escola. Pois eu sou obrigado a aplicar uma PF, mas não se diz nada quanto a ela ser exeqüível.

Fiquei em prova final, mas fiz como o professor recomendou. Fiquei na rosca com alguns outros companheiros na mesma situação. Na saída da prova soube por dois insistentes que realmente seria inútil ter entrado.

Como o Cléston passou de ano, essa foi minha última história sobre o esquemão de cola.

3 comentários:

Unknown disse...

o fim de uma era.

Raquel M. Linhares disse...

Genial o seu esquema de cola! No terceiro ano do colégio tinha um grupinho de 3 pessoas, cada um especialista em uma das grandes áreas de conhecimento: Eu (exatas), uma amiga (humanas) e um amigo (biológicas). Era perfeitamente sincronizado.

Sobre os esquemas de cola, no primeiro período, eu e mais 70% da turma de física 1 repetimos pelo mesmo motivo: erramos todos a mesma coisa.

Lou disse...

a patota feminina tb tinha seu esquema no CM. Turma pré-IME: qual é a real geografia e história? . As provas eram múltipla escolha e no mesmo dia (na mesma hora) Então, éramos 4 na patota. 2 ficavam com história e 2 com geografia. Eu acho q ficava com geografia. O mais incrível é que não íamos a nenhuma aula (matemática era mt mais importante), as notas eram patéticas e, magicamente, 8s e 9s apareceram no meu boletim.
No 2º ano, o esquema do quadrado era diferente... era mais uma questão de conferência de respostas. Mas nada barra a união das turmas na faculdade, no empenho de colas coletivas.